sábado, 26 de junho de 2010

No amor, pelo amor




Perco-me em palavras e me ergo lentamente como o sol

Encontro-me em sentido, sentindo o curar de toda minha natureza humana

Observando o mudar de cor, sem formas e sem pressa; assim como o maturar das frutas a cor se espalha com benignidade, no tempo do vento, no tempo do tom, no tempo de Deus...

Cresço quando me ressalvo que fujo da minha essência, cresço quando mais sou injusto comigo, e quando eu tenho a ciência da luz que brilha em meu corpo e aponta certas loucuras de uma carne, então eu creio, e até batalho, sorrindo a cada cor, vivendo provando o sabor...

Percebo o meu apetite pela real beleza, viajo sem volta em busca de mais um passo santo, rogo pela sensibilidade, oro pelo dilatar do meu coração, pois sem isso não sou amor e se não sou amor, sinto fria a minha pele, toda cor é negra e todo sabor é amargo

E toda bondade é crua...

Repouso meu rosto sobre a lembrança, da minha pureza de criança, do reflexo de Deus na simplicidade da natureza, no rosto do amigo, do irmão chegado, o não lembrado, e o bendito que ainda virá, encosto e descanso meu corpo esquecendo o fadigar dos músculos e as dores da alma, e aqueço meu ser quando adorando com veracidade, sou do tamanho do mar, e também do tamanho de um grão...

Buscar vencer é amar a sina de crescer, perder é amar a capacidade de abstrair, para leve sentir, amar o partilhar é tocar e provar a luz de outro, e sentir sua singularidade se revelar, amar o partilhar ao mesmo tempo é tocar a ferida de outro e sarar com o simples artifício de se doar, de ser um no outro, assim como o pão sagrado da santa comunhão.

Amanheço num dia azul e percebo que a sombra do coqueiro que sustenta minha rede já não faz sombra sobre meu rosto, e aborrecido fico. Amanheço sem teto e sem destino e lavo meu rosto numa bica que chora a água límpida e pura das falésias, rendo-me e dou graças a Deus e sigo no passo para um caminho novo, o que séria desse curto tempo, nessa terra onde me identifico como passageiro, se eu não tentasse levar, for, externar e viver o amor? Sou careta, sou sensível, sinto um céu e creio, sou mais um que se perdeu em amor e nunca mais o vento foi só um vento, e pelo o amor de Deus, cresço, percebo, repouso, busco e amanheço a cada dia, a cada recomeço no amor, pelo amor.

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